Reunião Formativa com Padre Renato Leite, promovida pela Congregação Mariana de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças e São José.

Na noite de 11 de fevereiro de 2025, na Matriz de Nossa Senhora das Graças, aconteceu uma reunião formativa enriquecedora, conduzida pelo padre Renato Leite. Organizada pela Congregação Mariana de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças e São José, a conferência teve como tema a Mariologia, com um foco especial na Virgem Maria e seu papel essencial na salvação e na história da Igreja.
O padre iniciou sua fala com uma profunda reflexão sobre a importância de Maria, destacando a riqueza espiritual que ela representa para todos os cristãos. Ele citou as palavras de Santo Tomás de Aquino, que, em sua reflexão sobre a Virgem Maria, nos convida a entender o lugar único que ela ocupa no plano divino, não como uma mulher comum, mas como alguém que transcende a condição humana por sua plena participação na graça de Deus.
“Maria, cheia de graça, não é apenas uma mulher qualquer”, afirmou o padre. “Ela é a plenitude da graça de Deus, aquela em quem o Senhor habita de tal forma que não há separação entre ela e Deus.” Esta citação reflete a doutrina de que Maria, desde o momento de sua concepção, foi preservada do pecado original, vivendo em uma união perfeita com o Criador. Assim, a Virgem Maria se apresenta como um sinal visível da graça invisível de Deus.
O padre Renato também compartilhou suas reflexões sobre as aparições angelicais ao longo da Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. A partir de passagens como a visitação do anjo a Ló, a Elias e a Pedro, ele ressaltou como os anjos, sendo seres superiores, não cumprimentam nem reverenciam os seres humanos. Entretanto, no caso de Maria, a saudação do anjo Gabriel, “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”, é única e extraordinária. “Isso só é possível porque Maria, com sua pureza e santidade, é maior que o próprio anjo”, explicou o padre.

A partir deste ponto, a explicação do padre se aprofundou na relação de Maria com a graça divina. Ele utilizou a metáfora do ferro sendo aquecido no fogo para ilustrar como a graça de Deus, ao habitar plenamente em Maria, a transforma completamente, assim como o ferro assume as propriedades do fogo. “Maria é cheia de graça a tal ponto que Deus está nela de forma inseparável. Ela não é apenas uma mulher, mas um ser que vive em total união com Deus”, disse o padre, enfatizando a extraordinária união entre Maria e o divino.
O padre continuou a refletir sobre como a Virgem Maria, ao ser a morada de Deus, se torna, de fato, um “sacramento vivo” da graça. Ele falou sobre como ela se assemelha a uma barra de ferro colocada no fogo. “Quando o ferro é colocado no fogo, ele adquire todas as propriedades do fogo: o calor, o brilho, a densidade. Da mesma maneira, Maria, ao ser cheia de graça, não é apenas uma mulher, mas um sinal vivo da ação de Deus. Ela está tão imersa na graça de Deus, tão completamente envolvida, que não podemos separá-la de Deus nem por um momento”, explicou o padre.
Esse conceito é refletido na saudação do anjo Gabriel a Maria. Ele não apenas cumprimenta Maria como uma mulher, mas a reconhece de forma única: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo.” A graça divina não é algo externo a Maria, mas é interior, transformando-a em um ser que não pode ser separado de Deus. “Ela não é apenas filha de Eva, mas é a primeira a viver plenamente a Graça de Deus. Como um ‘sacramento vivo’, ela transmite a graça de Deus de maneira única”, disse o padre, reforçando que, em Maria, Deus age de maneira tangível, e sua ação se reflete em todos os seus gestos.
O padre então avançou para uma reflexão prática e pessoal, direcionando-se aos participantes para questionar a relação de cada um com a Virgem Maria. Ele perguntou: “O que a Virgem tem a ver conosco, uma vez que Deus assim a constituiu e a chamou?” Ele sublinhou que todas as maravilhas operadas em Maria não são um capricho divino, mas uma ação necessária para a salvação da humanidade. “Deus fez tudo isso em Maria para que a salvação do gênero humano passasse primeiro por ela e por meio dela. Maria não foi escolhida por acaso. Ela foi escolhida porque somos nós, pecadores, que necessitamos da sua intercessão e da obra singular que Deus realizou nela.”

O padre explicou ainda que, apesar de Deus não precisar de nada, Ele determinou que a salvação se realizasse em Maria, pois ela seria a mãe do Salvador. “Se Deus não precisasse de Maria, Ele poderia simplesmente mandar Seu Filho de qualquer outra forma, mas Ele escolheu fazer a obra de salvação por meio dela. Maria é a criatura mais empenhada em nos salvar, depois de Deus. Não há ninguém mais interessada do que ela em nossa redenção”, afirmou o padre, chamando todos a refletirem sobre a importância da Virgem Maria em sua própria vida espiritual.
Ele também citou o Papa Francisco, que ensina que Maria não é uma opção para o cristão, mas uma necessidade. “No momento em que Jesus estava pregado na Cruz, Ele disse ao discípulo amado: ‘Eis aí tua mãe’. Assim, no mesmo momento em que resgatava a humanidade, Ele nos deu a Sua mãe. Portanto, Maria não é opcional para nenhum cristão. Ela deve ser acolhida, não apenas na devoção, mas também na vida”, concluiu o padre, deixando os presentes com uma compreensão mais profunda da importância de Maria na salvação da humanidade e no papel vital que ela desempenha como mãe de todos os cristãos.
O padre então introduziu uma reflexão importante sobre a simbologia do bálsamo e da espada, um elemento que também ilustra a profundidade do sofrimento de Maria e sua colaboração na missão de salvação. “No tempo de Jesus havia um bálsamo caríssimo, que custava um ano inteiro de salário. Uma pequena garrafinha desse bálsamo, de tão precioso, era selada com uma tampa de alabastro. Para evitar que fosse adulterado, o único jeito de abrir a garrafa era quebrar o gargalo com uma espada.”
Ele então questionou: “O que Simeão disse a Maria quando ela e José levaram Jesus para o templo? Ele profetizou: ‘Uma espada de dor te transpassará’. Essa espada simboliza o sofrimento que Maria enfrentaria ao ver seu Filho na Cruz.” O padre continuou, explicando como a profecia de Simeão se cumpriu quando a dor transpassou o coração imaculado de Maria, assim como uma espada quebra o alabastro. “Quando a espada de dor atravessou o coração de Maria, o ‘sim’ dado por ela 33 anos antes, ao anjo Gabriel, estava intacto. Esse ‘sim’, que foi dado como um bálsamo no início, se manteve puro e inalterado no coração de Maria, como o bálsamo guardado no alabastro, e o perfume desse ‘sim’ continua a embalsamar a Igreja.”

Por fim, o padre concluiu que Maria não tem um papel paralelo ou complementar à obra de Cristo, pois há um único mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. “No entanto, Jesus quis e quer que todos nós, membros do Seu Corpo, participemos dessa única mediação de Cristo, agindo em Seu nome para a salvação do mundo”, afirmou. Ele explicou que, ao participarmos de sacramentos como a missa, o batismo ou a confissão, não é o padre quem age, mas Cristo em nós. “Da mesma forma, Maria, como mãe, participa de modo subordinado da missão de Cristo, colaborando na salvação do mundo.”
O padre então acrescentou: “Tudo que a Virgem é e tudo o que ela tem está a serviço da obra redentora de seu Divino Filho. O que a Virgem quer aqui, creio que todos os senhores e senhoras são devotos da Virgem Maria nesta linha de frente. Para que serve a devoção à Virgem? Ora, para eu ser devoto, se alguém perguntasse: ‘Padre, por que você é devoto da Virgem Maria?’ A resposta seria: para me salvar com a ajuda dela, sempre eficaz para me salvar e para salvar os outros, como diz o grande apóstolo de Nossa Senhora, São Luís Maria Grignion de Montfort: ‘Dar as almas para, por meio dela, dá-las a Jesus’.”
Ele enfatizou que Maria não tem nada dela mesma para oferecer, mas tudo o que ela tem – sua beleza, perfeição, virtude, santidade e graça – é dado a ela por seu Divino Filho. “Por isso, à frente de todos os apóstolos, obreiros da evangelização, colaboradores e ministros de Jesus Cristo, Maria vai à frente. Porque aquele que disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’, disse também à mãe: ‘Eis aí teu filho’, e assim todos nós somos confiados à sua maternidade.”
Ao final, o padre Renato Leite, juntamente com os outros padres presentes, abençoou todo o povo e agradeceu pela participação. Ele concluiu dizendo que “a devoção à Virgem Maria não é apenas uma prática de fé, mas uma vivência diária do mistério de salvação que Deus escolheu para nos alcançar, através dela. “

Agradecemos ao Padre Renato Leite por tão rica formação e, com grande carinho, queremos assegurar-lhe nossas orações por sua vida e vocação. Agradecemos também à Congregação Mariana de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças e São José por promover essa formação tão enriquecedora, que fortalece e aprofunda nossa fé.
Fotos, transmissão e texto: Pascom Diocesana.

































